Plastifólios. As gotas rolam livres.
Ar quasiplexo desfeito no borborigmo.
Leveza maior que a do algodão adocicado
Girando e o vento levando a bola de cor salteada.
Que memória clara e que movimentos.
Traços livres pensam moldado algo que vem,
Na semana, no fim de semana,
Um vaso velho
Arranhado ou semi quebrado,
Cola tudo, nem é possível.
Tecido, tem sido difícil,
Ter sido sarcástico,
De madeira, de carne,
De plástico.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
sábado, 28 de julho de 2012
Indecorosa
Flor na minha tela
Indecorosa
Mente delicada
Pensa flora
Enquanto a miro tenso
Indecorosa
Mente delicada
Pensa flora
Enquanto a miro tenso
A imagino
Coisa nova, tez do pêssego
Então a despetalo
Na minha retina
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 01/03/2012
Deambulo
Deambulo plenamente
No amplexo do concreto.
No ar semirevolto
Tepidez de plenilúnio
Chão de ruas sujas,
Sarjetares de infortúnio.
Cresce a pressa.
Passos adensados no trajeto.
Confluem vistas para o ponto.
Vago em vias.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
No amplexo do concreto.
No ar semirevolto
Tepidez de plenilúnio
Chão de ruas sujas,
Sarjetares de infortúnio.
Cresce a pressa.
Passos adensados no trajeto.
Confluem vistas para o ponto.
Vago em vias.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Retilineamentos
Preciso continuar nesta linha.
Atesto o desconcerto na brandura calma,
Diafanar de dia findo, tepidez parada,
Luas vazias e mancheias,
Quanto custa, quanto custa.
Giro não é sério sem eixo
Imaginário ou feito de algo.
Bonecos ou não, deixam um espaço
Entre aqui e ali.
E parece haver um caminho ou mais
De uma saída.
Ao menos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Atesto o desconcerto na brandura calma,
Diafanar de dia findo, tepidez parada,
Luas vazias e mancheias,
Quanto custa, quanto custa.
Giro não é sério sem eixo
Imaginário ou feito de algo.
Bonecos ou não, deixam um espaço
Entre aqui e ali.
E parece haver um caminho ou mais
De uma saída.
Ao menos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Sapatos
Narilene ganhou três sapatos. Um deles de salto solto. Outro sem
a sola estava. Outro, desenhado a lápis sem ponta, Narilene dobrou para
colorir outro dia. E seguiu descalça pelos sonhos que podia ter.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí - 2012
Ouço
Ouço.
Transporto-me para onde não conheço.
Vejo.
Estou onde sempre estive.
Penso.
Acordado é melhor sonhar.
Transporto-me para onde não conheço.
Vejo.
Estou onde sempre estive.
Penso.
Acordado é melhor sonhar.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, --
Via Crucis
Rua larga.
Pavimento percorrido.
Passos, sussurros, agitação.
Esquecimento no caos de mil solados.
Almas pisadas enegrecidas na fuligem,
Pavimento desgastado;
Pressa, desespero, calma indiferente
Convivem no mesmo fluxo.
Pavimento percorrido.
Passos, sussurros, agitação.
Esquecimento no caos de mil solados.
Almas pisadas enegrecidas na fuligem,
Pavimento desgastado;
Pressa, desespero, calma indiferente
Convivem no mesmo fluxo.
Último refúgio,
Observatório da luta:
Mil passantes determinados,
Rumos difusos em mil trajetos
Nos labirintos de concreto.
Olhar perdido no rio caótico
Feito de olhares perdidos em incerto rumo.
Passos incertos,
Duvidosas esperanças.
O meio fio atulhado.
Detritos no esquecimento
Aguardam o destino do descarte.
O pavimento sempre renovado,
As certezas nunca comprovadas.
Via Crucis de miríades.
Sísifus cumprindo o destino.
A carga é pesada.
Sísifus cumprindo o destino.
A carga é pesada.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 2001
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Chá de jasmim III
Primeiro gole
Calêndulas floridas
Campo grosseiro
Caçador de milagres
Cachorro mateiro
Trilha dos passos
Amassa a ramagem
A picada tem fim
Inicia a viagem
Segundo gole
A marca na casca
A seiva que escorre
Na mata, na lasca,
Na vida que morre
Na folha, no caule,
Nos veios da terra
Na carne ferida,
Nos campos de guerra
Terceiro gole
Despenca o rochedo
Floresce o juá
Espinhos no couro
Saudades de lá
Ossinhos no solo
Solar solidão
O céu está nu
As nuvens se vão
Último gole
Flores na pedra
Suave rudeza
Estrelas de quinta
Primeira grandeza
Noite de cima
Na beira do rio
Corisco no escuro
Brilhar fugidio
O que foi já não volta
O ciclo sem fim
O viver que revolta
-Meu chá de jasmim!
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 5 de outubro de 2002
Calêndulas floridas
Campo grosseiro
Caçador de milagres
Cachorro mateiro
Trilha dos passos
Amassa a ramagem
A picada tem fim
Inicia a viagem
Segundo gole
A marca na casca
A seiva que escorre
Na mata, na lasca,
Na vida que morre
Na folha, no caule,
Nos veios da terra
Na carne ferida,
Nos campos de guerra
Terceiro gole
Despenca o rochedo
Floresce o juá
Espinhos no couro
Saudades de lá
Ossinhos no solo
Solar solidão
O céu está nu
As nuvens se vão
Último gole
Flores na pedra
Suave rudeza
Estrelas de quinta
Primeira grandeza
Noite de cima
Na beira do rio
Corisco no escuro
Brilhar fugidio
O que foi já não volta
O ciclo sem fim
O viver que revolta
-Meu chá de jasmim!
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 5 de outubro de 2002
Doce Ciranda (Eclipse)
Doce ciranda nossa.
Satelizo-me ao teu ser,
Perfaço no teu entorno minha órbita,
Meu trajeto no espaço duma vida .
Me eclipsas e aceitas atrativa,
Emanas teu raiar, ofusca e guia
Minha eterna idavolta em torno teu.
E já perdi minha luz própria.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Satelizo-me ao teu ser,
Perfaço no teu entorno minha órbita,
Meu trajeto no espaço duma vida .
Me eclipsas e aceitas atrativa,
Emanas teu raiar, ofusca e guia
Minha eterna idavolta em torno teu.
E já perdi minha luz própria.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Barro
Eu vejo a terra
E vejo tristeza.
Terra molhada de chuva,
E vejo tristeza.
Terra molhada de chuva,
Tristeza molhada de chuva.
Suja tristeza da terra.
A vejo triste de chuva.
A vejo chuva de terra.
Triste, vejo o que vejo:
É seca a terra em mim
E falta água que em barro
Molde uma alma, enfim.
Suja tristeza da terra.
A vejo triste de chuva.
A vejo chuva de terra.
Triste, vejo o que vejo:
É seca a terra em mim
E falta água que em barro
Molde uma alma, enfim.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, maio / 2002
Porto Alegre, maio / 2002
Miopia
Vejo as flores da paineira
Como tela impressionista.
Um borrão desta janela;
Minha lente ilusionista.
Pintura que os meus olhos
Criam, assim, à distância
Ao transformarem beleza
Em colorida aberrância.
Transformo, pois, em poema
As distorções deste dia
Para não se tornar em pena
O peso desta miopia.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 03 de abril – 01 de junho de 2012
Como tela impressionista.
Um borrão desta janela;
Minha lente ilusionista.
Pintura que os meus olhos
Criam, assim, à distância
Ao transformarem beleza
Em colorida aberrância.
Transformo, pois, em poema
As distorções deste dia
Para não se tornar em pena
O peso desta miopia.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 03 de abril – 01 de junho de 2012
Via única
Não, não quero dormir
É como morrer inutilmente
Mente inútil adormecida
Com tanta vida latente
Vida latente
Leite de vida
Vida láctea
Tanto leite derramado
Vida, única via
E suas estrelas perdidas
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, maio de 2002
É como morrer inutilmente
Mente inútil adormecida
Com tanta vida latente
Vida latente
Leite de vida
Vida láctea
Tanto leite derramado
Vida, única via
E suas estrelas perdidas
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, maio de 2002
Multidão
E então alguém diz
-O que vais fazer agora?
E outra voz responde
-Não sei para onde ir.
Sou muitos neste corpo só.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, maio 2002
Lentes
Se ao mirado o infinito revela
Um rosário de eras que findas
Nos chegam a cansadas retinas
Como pontos num vazio que impera,
Que dizer destes olhos que miram
Desta terra, nada mais que um grão
De poeira, nebulosas que giram,
Pelo cristal desta lente, esta escuridão?
Destes olhos do mesmo pó oriundos
De distanciadas eras, momentos, segundos
A fluírem na luz, nestes mecanismos,
Destas janelas perplexas diante do abismo...
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 6-8 de novembro de 2001
Um rosário de eras que findas
Nos chegam a cansadas retinas
Como pontos num vazio que impera,
Que dizer destes olhos que miram
Desta terra, nada mais que um grão
De poeira, nebulosas que giram,
Pelo cristal desta lente, esta escuridão?
Destes olhos do mesmo pó oriundos
De distanciadas eras, momentos, segundos
A fluírem na luz, nestes mecanismos,
Destas janelas perplexas diante do abismo...
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 6-8 de novembro de 2001
Reverso
Reverso
Esta sede que
cantamos
Nos faz vivos em navios
Tormentas, ventos frios
Plenitude que almejamos
Navegar em muitos mares
Novos sonhos, novos ares
Correntezas nos conduzem
Entre nuvens que seduzem
O desejo de ancorar
Se esvai à luz da aurora
Pois a sina, navegar
Se impõe como senhora
Não tem fim, não tem começo
Essa vida sem endereço
Mas repleta de amores
Dores, sons, versos e cores.
Nos faz vivos em navios
Tormentas, ventos frios
Plenitude que almejamos
Navegar em muitos mares
Novos sonhos, novos ares
Correntezas nos conduzem
Entre nuvens que seduzem
O desejo de ancorar
Se esvai à luz da aurora
Pois a sina, navegar
Se impõe como senhora
Não tem fim, não tem começo
Essa vida sem endereço
Mas repleta de amores
Dores, sons, versos e cores.
Katia Ogawa
Porto Alegre, 24 de
julho de 2012
Mimos em rimas
Mimos,
Meus mimos,
Mimos meus,
Quem me mima mais
É Deus,
Por permitir que eu viva
E aprenda a desmimar,
E quando for desmimado,
Novo monstro então criado,
Vou ensinar que o mimo
É util em versos que rimo
Por saber aproveitar
Punhaladas deste mundo
Que nada têm de mimosas
E fazem as rimas rançosas
De tanto mimar infecundo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 27/abril/2003
Meus mimos,
Mimos meus,
Quem me mima mais
É Deus,
Por permitir que eu viva
E aprenda a desmimar,
E quando for desmimado,
Novo monstro então criado,
Vou ensinar que o mimo
É util em versos que rimo
Por saber aproveitar
Punhaladas deste mundo
Que nada têm de mimosas
E fazem as rimas rançosas
De tanto mimar infecundo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 27/abril/2003
Angra
Atomímica bombatômica
No deca serão fogos
Fogos de arte físsil
Nos céus de artifício
De cobalto e plutônio
Dos lixões das Angras
-Digas, povo, por que sangras?
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 30/06/2002
(Edição de 03 de junho 2012)
No deca serão fogos
Fogos de arte físsil
Nos céus de artifício
De cobalto e plutônio
Dos lixões das Angras
-Digas, povo, por que sangras?
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 30/06/2002
(Edição de 03 de junho 2012)
Meditativo
Queria ser centro e sou esquecido.
Sou centro onde queria estar incógnito.
Sirva-se. As frutas estão frescas, orvalhadas
da manhã.
Sumarentas doces frutas.
Doces e delicadas peles que te envolvem.
Serena assim serena a fitar o doce
lume da manhã
que se insinua.
Teu corpo delicado dentre a bruma.
Provemos do pomar
sobre a relva inda molhada.
Seus pés nus o que temer
na relva fresca e fina.
Venha entre estas alamedas
por onde vago e se
sozinho eu me perco.
É doce o rico sumo das
frutas do pomar.
Prove.
Tome de minha boca
o sumo dessa fruta.
Dividamos.
E sobre a relva esqueçamos
olhando o céu que nos protege,
sentindo a brisa que me traz teu cheiro.
Tu és presente.
Sinto presente para a vida.
Serei eu digno de que proves
dos pomares nos quais me perco?
Dos pomares que plantei na minha mente?
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, Setembro 2001
Sou centro onde queria estar incógnito.
Sirva-se. As frutas estão frescas, orvalhadas
da manhã.
Sumarentas doces frutas.
Doces e delicadas peles que te envolvem.
Serena assim serena a fitar o doce
lume da manhã
que se insinua.
Teu corpo delicado dentre a bruma.
Provemos do pomar
sobre a relva inda molhada.
Seus pés nus o que temer
na relva fresca e fina.
Venha entre estas alamedas
por onde vago e se
sozinho eu me perco.
É doce o rico sumo das
frutas do pomar.
Prove.
Tome de minha boca
o sumo dessa fruta.
Dividamos.
E sobre a relva esqueçamos
olhando o céu que nos protege,
sentindo a brisa que me traz teu cheiro.
Tu és presente.
Sinto presente para a vida.
Serei eu digno de que proves
dos pomares nos quais me perco?
Dos pomares que plantei na minha mente?
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, Setembro 2001
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Tua chama
Carnes em bocas ávidas,
Pétalas em água cálida,
Sumos de frutas grávidas,
Dragão sobre a pele pálida.
Suspenso em arco voltaico
Lanço palavras ao vácuo
E não me faço ouvir.
Apenas a Lua lê meus lábios
E permanece muda.
Fina seda plástica encobre tua pele
E a brisa não existe sem teu toque.
Pendem vitoriosos astros envelhecendo tua memória.
Louvada sejas enquanto brilhes em mim
E apague-se com o meu próprio olvido
Tua chama.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 16/06/2012
Pétalas em água cálida,
Sumos de frutas grávidas,
Dragão sobre a pele pálida.
Suspenso em arco voltaico
Lanço palavras ao vácuo
E não me faço ouvir.
Apenas a Lua lê meus lábios
E permanece muda.
Fina seda plástica encobre tua pele
E a brisa não existe sem teu toque.
Pendem vitoriosos astros envelhecendo tua memória.
Louvada sejas enquanto brilhes em mim
E apague-se com o meu próprio olvido
Tua chama.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 16/06/2012
Reação
Seja o princípio
Ativo e perene
Absorvido no sistema.
Seja o sistema
Aflito e sereno
O contraste no seu corpo.
Sejam nossos corpos
Conteúdo e continente,
Reação e reagentes.
Amalgamados seremos.
O princípio transmutado,
O desejado equilíbrio.
Pedro LDC Viegas
Gravataí, 04/05/2012
Ativo e perene
Absorvido no sistema.
Seja o sistema
Aflito e sereno
O contraste no seu corpo.
Sejam nossos corpos
Conteúdo e continente,
Reação e reagentes.
Amalgamados seremos.
O princípio transmutado,
O desejado equilíbrio.
Pedro LDC Viegas
Gravataí, 04/05/2012
Dança do cisne
Inelástica, inerente,
Inevitavelmente
Coeso ao centro do ato
No eterno átimo
De angular esforço,
Atrativamente
Orbitando no sistema
Cisma o cisne
Ensimesmado no confronto
Do oculto enfisema
Enquanto avançam nos seus cursos
Seres, deuses, astros,
Naves neste caldo cósmico,
Éter e poeira,
Pensamentos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 13/06/2012
Inevitavelmente
Coeso ao centro do ato
No eterno átimo
De angular esforço,
Atrativamente
Orbitando no sistema
Cisma o cisne
Ensimesmado no confronto
Do oculto enfisema
Enquanto avançam nos seus cursos
Seres, deuses, astros,
Naves neste caldo cósmico,
Éter e poeira,
Pensamentos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 13/06/2012
Agora
Circulo em trânsito entretecido
Em diáspora plena de vício tenso.
Vejo amêndoas agridoces ao óleo
Do viço do seio farto
E Vênus ouvindo mar na concha,
Coaxos, martelos, velhos mantras.
A lacraia riscando a cambraia
E um pote cheio no decote pleno.
Há lua de nova luz,
Velha palidez na face do poeta
Que concebe um lampejo, um anjo, um fauno.
Quero um beijo, ouça e prove
E sinta a cada passo:
O astrolábio e as estrelas,
As pegadas e os caminhos
Canibais de cada dia
Que consomem os andares
Nos conduzem
A destinos destilados no futuro.
As paredes do agora,
Pedra sobre pedra
-Poliedro-
Definitivamente se consomem
Em poemas não escritos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 22 de junho de 2012
Em diáspora plena de vício tenso.
Vejo amêndoas agridoces ao óleo
Do viço do seio farto
E Vênus ouvindo mar na concha,
Coaxos, martelos, velhos mantras.
A lacraia riscando a cambraia
E um pote cheio no decote pleno.
Há lua de nova luz,
Velha palidez na face do poeta
Que concebe um lampejo, um anjo, um fauno.
Quero um beijo, ouça e prove
E sinta a cada passo:
O astrolábio e as estrelas,
As pegadas e os caminhos
Canibais de cada dia
Que consomem os andares
Nos conduzem
A destinos destilados no futuro.
As paredes do agora,
Pedra sobre pedra
-Poliedro-
Definitivamente se consomem
Em poemas não escritos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 22 de junho de 2012
Nota: Este poema engloba o poema "Quero um beijo".
Chá de jasmim IV
O bom sangue corre nas veias.
Receias o mal que não conheces.
As preces como mantras garantidos.
Terás sido a melhor das que não tive.
Ourives das peças mais consagradas,
Te agradas saber que nada sei.
Qual lei fala de ser comum.
Humano, vacum, o fim é o mesmo.
A esmo, tudo matamos, bichos e gentes.
Lamentes, chores choros ensaiados.
Traçados os planos, o dia seguinte.
Pedintes, miséria, falta de sorte.
Ser forte, subir e descer o caminho.
Teu destino, grafado no pó deste vento.
Cada momento, que seja o elo faltante.
Errante, partícula percorre a massa vazia.
O avançar da idade sepulta a vontade abortada.
Desperta o grito no estertor da agonia.
Submerge a ilha nas vagas do mar,
Derivar, indeciso, em meio, ao longo, ao fim.
Telhados escondem estes mecanismos.
Esfregar fuligens das pratas.
Polir, enganando o tempo que passa.
Devir, apenas o fim que principia,
Conteúdo pulsante de um estojo de ossos.
Estrutura, treliça armada, cimento, ferrugem.
Granular natureza, discreta, finita.
O circuito fechado revela
A função das paredes.
De joelho ao pé da estátua.
Uma gota pintada na ferida de gesso.
Gestos de pedra.
Arte da dor.
Não há chá
Sem a morte da flor.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 2002
Receias o mal que não conheces.
As preces como mantras garantidos.
Terás sido a melhor das que não tive.
Ourives das peças mais consagradas,
Te agradas saber que nada sei.
Qual lei fala de ser comum.
Humano, vacum, o fim é o mesmo.
A esmo, tudo matamos, bichos e gentes.
Lamentes, chores choros ensaiados.
Traçados os planos, o dia seguinte.
Pedintes, miséria, falta de sorte.
Ser forte, subir e descer o caminho.
Teu destino, grafado no pó deste vento.
Cada momento, que seja o elo faltante.
Errante, partícula percorre a massa vazia.
O avançar da idade sepulta a vontade abortada.
Desperta o grito no estertor da agonia.
Submerge a ilha nas vagas do mar,
Derivar, indeciso, em meio, ao longo, ao fim.
Telhados escondem estes mecanismos.
Esfregar fuligens das pratas.
Polir, enganando o tempo que passa.
Devir, apenas o fim que principia,
Conteúdo pulsante de um estojo de ossos.
Estrutura, treliça armada, cimento, ferrugem.
Granular natureza, discreta, finita.
O circuito fechado revela
A função das paredes.
De joelho ao pé da estátua.
Uma gota pintada na ferida de gesso.
Gestos de pedra.
Arte da dor.
Não há chá
Sem a morte da flor.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 2002
Dentifrício
Espelho de fronte.
Semidesperto reflexo.
Escovejo dentes
Sem qualquer sorriso.
Cuspo na pia
O branco de espuma.
Frescor que escoa
Até a quietude do ralo.
Escovejo sorriso
E o sorriso escoa.
Frescor do sorriso espelhado.
Frescor do sorriso no ralo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 11/04/2005
Semidesperto reflexo.
Escovejo dentes
Sem qualquer sorriso.
Cuspo na pia
O branco de espuma.
Frescor que escoa
Até a quietude do ralo.
Escovejo sorriso
E o sorriso escoa.
Frescor do sorriso espelhado.
Frescor do sorriso no ralo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 11/04/2005
Noção de tu e você
Mal me quer e já desiste. Sequer testaste tentando.
Vago senso, sentir nada. Talvez de quando em quando.
Palavra por palavra, pensada, face parada, mudez.
Cala e grita, credo nas cruzes, mas que bela palidez.
Não passe mal, eu só peço, nem tenha assim tanto medo.
Me reza e me chora e quem sabe me critica, tua boa intenção.
Me jura e fere e cura, me estraçalha inda hoje, cedo, cedo.
Mas nem agora nem depois, quem sabe quando, coração.
Um momento, aguarde, aguarde. Já não tarda.
Talvez morra dentro em pouco. Fosca, parda.
Vejo era que finda. Percebendo, percebendo.
São meus olhos ou é tudo que já some consumido?
É agora, já percebe? Inda estará me ouvindo?
Oh sim, a senha, a senha. Eu já ia esquecendo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas.
Porto Alegre, 26/11/2004
Vago senso, sentir nada. Talvez de quando em quando.
Palavra por palavra, pensada, face parada, mudez.
Cala e grita, credo nas cruzes, mas que bela palidez.
Não passe mal, eu só peço, nem tenha assim tanto medo.
Me reza e me chora e quem sabe me critica, tua boa intenção.
Me jura e fere e cura, me estraçalha inda hoje, cedo, cedo.
Mas nem agora nem depois, quem sabe quando, coração.
Um momento, aguarde, aguarde. Já não tarda.
Talvez morra dentro em pouco. Fosca, parda.
Vejo era que finda. Percebendo, percebendo.
São meus olhos ou é tudo que já some consumido?
É agora, já percebe? Inda estará me ouvindo?
Oh sim, a senha, a senha. Eu já ia esquecendo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas.
Porto Alegre, 26/11/2004
terça-feira, 24 de julho de 2012
Minha fraca eterna chama
Brilha em tudo que se foi e permanece sendo.
Meu corpo-alma é todo brilho ao sentir teu som.
Sinto o frio e sinto o sol e assim estou mais desperto
E sinto mais a vida que por muito pouco esqueço.
Mesmo enquanto falas sem que eu te ouça,
Mesmo assim tão surdo e cego sinto:
Estás aqui, não há mais nenhum além.
E mudo. E ainda mais emudecido permaneço.
E sofro alegria por saber ser pequena parte tua
Contemplando tua obra de horrores e belezas.
E por um momento sou eterno na certeza
De que me tocas pelo ar, pela chuva e pelo pó da terra nua.
De que me falas pelas vozes das caladas multidões.
E que me ouves e manténs a minha alma, minha fraca chama acesa.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 30/11/2004
Meu corpo-alma é todo brilho ao sentir teu som.
Sinto o frio e sinto o sol e assim estou mais desperto
E sinto mais a vida que por muito pouco esqueço.
Mesmo enquanto falas sem que eu te ouça,
Mesmo assim tão surdo e cego sinto:
Estás aqui, não há mais nenhum além.
E mudo. E ainda mais emudecido permaneço.
E sofro alegria por saber ser pequena parte tua
Contemplando tua obra de horrores e belezas.
E por um momento sou eterno na certeza
De que me tocas pelo ar, pela chuva e pelo pó da terra nua.
De que me falas pelas vozes das caladas multidões.
E que me ouves e manténs a minha alma, minha fraca chama acesa.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 30/11/2004
Quero um beijo
Quero um beijo, ouça e prove
E sinta a cada passo:
O astrolábio e as estrelas,
As pegadas e os caminhos
Canibais de cada dia
Que consomem os andares
Nos conduzem
A destinos destilados no futuro.
As paredes do agora,
Pedra sobre pedra
-Poliedro-
Definitivamente se consomem
Em poemas não escritos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 21/06/2012
E sinta a cada passo:
O astrolábio e as estrelas,
As pegadas e os caminhos
Canibais de cada dia
Que consomem os andares
Nos conduzem
A destinos destilados no futuro.
As paredes do agora,
Pedra sobre pedra
-Poliedro-
Definitivamente se consomem
Em poemas não escritos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 21/06/2012
Encontro
Brilham as caliandras na manhã pacífica.
A leve brisa não abala os insetos
Que procuram o doce néctar.
Fecho levemente os olhos ao sol
Para ver melhor você
Que me dá bom dia.
E então sorrimos
E cada um de nós
Segue sossegado
Seu caminho
De flor
Em flor.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 23/06/2012
A leve brisa não abala os insetos
Que procuram o doce néctar.
Fecho levemente os olhos ao sol
Para ver melhor você
Que me dá bom dia.
E então sorrimos
E cada um de nós
Segue sossegado
Seu caminho
De flor
Em flor.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 23/06/2012
Tergiversos
Oh minha paixão...
Não há como ser épico.
Meus versos, tergiversos,
Falam do vento,
Canções sem acordes,
Moinhos e giros,
Pipas no alto
Catando azul.
E, nos céus de Cabul
Ou qualquer cidade,
Que a brisa guarde
O segredo da flor
Que guardei para ti.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 27/06/2012
Não há como ser épico.
Meus versos, tergiversos,
Falam do vento,
Canções sem acordes,
Moinhos e giros,
Pipas no alto
Catando azul.
E, nos céus de Cabul
Ou qualquer cidade,
Que a brisa guarde
O segredo da flor
Que guardei para ti.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 27/06/2012
Relíquias
Guardei o seu sorriso
No âmbar da memória.
Relíquia fóssil
No fundo da gaveta.
Retrato em sépia
Testemunho de outra era
E um pôr do sol
Secando uma rosa.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 24/06/2012
No âmbar da memória.
Relíquia fóssil
No fundo da gaveta.
Retrato em sépia
Testemunho de outra era
E um pôr do sol
Secando uma rosa.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 24/06/2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Beba água
Beba muita água
Sais, solutos, eis que somos.
Dissolva a mágoa até a concentração
De um sorriso
De incisivos ou até cisos.
Ais precipitados nos tecidos
Serão levados no enxágue.
Beba água, muita água.
Somos sais, solutos
E um conjunto de atributos
De controle rigoroso.
Evite o sentimento indigesto;
Meça antes
A palavra e o gesto
E beba água,
Muita água.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 29-30/06/2012
Sais, solutos, eis que somos.
Dissolva a mágoa até a concentração
De um sorriso
De incisivos ou até cisos.
Ais precipitados nos tecidos
Serão levados no enxágue.
Beba água, muita água.
Somos sais, solutos
E um conjunto de atributos
De controle rigoroso.
Evite o sentimento indigesto;
Meça antes
A palavra e o gesto
E beba água,
Muita água.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 29-30/06/2012
Uma gota
Aromas, cantigas de roda
Sorrisos dispersos no meio
Claves de sois poentes
E luas cheias de tudo.
Sorrisos dispersos no meio
Claves de sois poentes
E luas cheias de tudo.
E um coração de cigarra.
Uma gota de azul
Do azul desse céu
De incenso tão leve
De tão leve intenso
Quero provar ao fim do calor
E da luz deste dia
Para levar a um sonho.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 29/06/2012
Gravataí, 29/06/2012
Larva
diga ou cálice
beba revertendo
o sentido do verbo
verbo será vetor
sentido sem direção
quantas grandezas
guarda uma palavra
palavra, larva que vira
bicho de asas
esvoaçante na luz
ofuscante rebrilho da prata
de um cálice
cheio de um vinho
que bebo calado
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre –
Tempo
O meu tempo
O teu tempo
Estas coisas imiscíveis
Nossos tempos impossíveis
Ocupando o mesmo espaço
Em uma fotografia
Passamos despercebidos
Nesta grande galeria
Que se encobre de poeira
O meu tempo
O teu tempo
Quem vai querer perder tempo
Prestando atenção a nós dois?
Nossos tempos impossíveis
Ocupando o mesmo espaço
Em uma fotografia
Passamos despercebidos
Nesta grande galeria
Que se encobre de poeira
O meu tempo
O teu tempo
Quem vai querer perder tempo
Prestando atenção a nós dois?
Gravataí, 09/07/2012
Ilha
Porção de mim
Cercado de teus cuidados
De todos os lados
De todos os lados
Isolado do mundo
Esquecido de mim
Não mais te vejo ou ouço
Esquecido de mim
Não mais te vejo ou ouço
Um mar vazio
Ou cheio de algo que nos é estranho
Ocupa o espaço que antes era somente teu
Precisamos de uma garrafa
E algumas mensagens
Para fazer uma grande travessia
E trazer de volta ao contato nossas orlas
E preencher com nossas vidas as águas desses mares
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 09/07/2012 – 20/07/2012
Dança
Densa dança que condensa
Intensa chama desses passos
Tão leves quanto os olhares
Mais leves que os espaços.
As dimensões de um cosmos
Cria e trama em compassos.
Avança e traça segundos
Feitos de tons e matizes.
E nessa luz te encontro
Fazemos parte do drama.
Sou sua cor, movimento
E és tu que me conduzes
Por estes tempos que ardem
Entre risos, fogos e luzes.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 10/07/2012
Intensa chama desses passos
Tão leves quanto os olhares
Mais leves que os espaços.
As dimensões de um cosmos
Cria e trama em compassos.
Avança e traça segundos
Feitos de tons e matizes.
E nessa luz te encontro
Fazemos parte do drama.
Sou sua cor, movimento
E és tu que me conduzes
Por estes tempos que ardem
Entre risos, fogos e luzes.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 10/07/2012
Sede
Alma amiga,
Não sou um sensitivo,
Tampouco sinestésico.
Também procuro lenitivo,
Também procuro anestésico.
Mas, alma, por que voas longe
Por estes arrabaldes?
Cansaste dos teus sonhos,
Buscas novos ares.
Cheia de incertezas,
Anseias por altares.
Alma, por que vagar tão densa?
Deixes o teu peso como a nuvem
De boa e fecunda chuva
Sobre a terra que a aguarda.
Fiques, chovas em versos
O que sentes,
Faças do poema a vertente
De onde se sacia a sede,
Esta sede que sentimos.
Esta sede que cantamos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas,
Gravataí, 22/07/2012
Não sou um sensitivo,
Tampouco sinestésico.
Também procuro lenitivo,
Também procuro anestésico.
Mas, alma, por que voas longe
Por estes arrabaldes?
Cansaste dos teus sonhos,
Buscas novos ares.
Cheia de incertezas,
Anseias por altares.
Alma, por que vagar tão densa?
Deixes o teu peso como a nuvem
De boa e fecunda chuva
Sobre a terra que a aguarda.
Fiques, chovas em versos
O que sentes,
Faças do poema a vertente
De onde se sacia a sede,
Esta sede que sentimos.
Esta sede que cantamos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas,
Gravataí, 22/07/2012
domingo, 22 de julho de 2012
Segredo
Concha. Refúgio da ostra
Solidão nacarada
No seio do mar.
Ostra. Abraças, proteges,
A riqueza da tua dor.
Mergulharei nessas águas,
Buscarei teu segredo
Para que brilhes ao sol.
Pedro Luiz Da Cas Viegas.
Gravataí, 04-22/07/2012
sábado, 21 de julho de 2012
Randomatizes
Azeite e vinagre de vinho velho…
Classe nitrato, bass reflex, aracnoide.
Detrito latifólio no chão da mata.
Flato neutro, parada para ouvir:
Classe nitrato, bass reflex, aracnoide.
Detrito latifólio no chão da mata.
Flato neutro, parada para ouvir:
O dom de Brahma, a rapsódia dos blastos.
Croma: divindade magnificada na aberrância.
Tecla em lata, batucada com lua de catraca e batente
E, domo de ronda, desopilo bronco desatado.
Croma: divindade magnificada na aberrância.
Tecla em lata, batucada com lua de catraca e batente
E, domo de ronda, desopilo bronco desatado.
Segue teste adiante, acuidade na hipótese
De blasfêmia, gota aguda no tapume do zimbório.
Caiu uma ultra anágua, vejo vassoura, som na calçada:
Vendendo acelga, vai bacuri, Uiraquitã, vai!
De blasfêmia, gota aguda no tapume do zimbório.
Caiu uma ultra anágua, vejo vassoura, som na calçada:
Vendendo acelga, vai bacuri, Uiraquitã, vai!
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 27 de outubro de 2004
Eternos
Plástico, concreto, asfalto,
Fibra de vidro, velhas estrelas.
O céu está quieto.
Ebulem dias no outro lado do mundo.
Ainda ouço os latidos de outrora.
Os velhos latidos
Agora são novos, os mesmos,
Eternos.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 14/03/2012
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