Indo
para casa.
Indo
para casa esqueço os detalhes mínimos que ali encontro.
No
subúrbio matrizes gritam para as crias os gritos gritados a
gerações.
As
coisas paradas quase revelam minha vontade.
Milhares
ou centenas de milhares de latidos ociosos.
Panelas
e seus conteúdos fervem, quando há o que ferver.
Panelas
também podem se tornar ociosas.
O
trânsito é louco, enlouquece, flui na sua forma sólida, metálica,
emborrachada, sobre uma matriz asfáltica.
Flui
e pára incessante, dotado de vida própria.
Centenas
de muitos milhares de células em vias confusas, apertadas
entre
cinzas e avermelhados de prédios e nuvens carregadas de um ócio sem
chuva.
O
pensamento se torna ocioso nestes tórridos passos com cheiro de
fuligem do diesel.
Os
caminhos quase sempre se confundem embora sejam sempre os mesmos,
embora não existam outros.
Sinais
luminosos, sonoros, sinais pichados nas paredes, sinais de cansaço,
tédio, dúvida, esperança, felicidade.
Estou
quase chegando.
Logo
vou lembrar de algo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 8/4/2004
Gostei muito. Deixei-me levar pela espectativa de algo novo.
ResponderExcluirBom que tenha gostado. Mas esse é o Pedro que procuro evitar nos meus escritos atuais. Esse niilismo todo não me faz muito bem, de fato. Procuro algo mais colorido, mas sem, contudo, parecer piegas.
ExcluirQue a chegada a casa tenha sido melhor que a viagem. Gostei da narrativa e dos eventos alinhados. Bom de ler...queria ter continuado e saber o que aconteceu quando a porta da frente abriu?
ResponderExcluirCurti!
Nem queira saber como seria a continuação com a chegada em casa,Leila... De fato, seria uma continuação do niilismo da rua. Respirando niilismo em todos os lugares. Esse era o Pedro de então. Bom, procuro fazer um esforço para melhorar as coisas... E, também, quem disse que niilismo não dá belos momentos de poesia? Obrigado pelo seu comentário!
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