Crio.
Crio para o breve instante.
Sob a luz, crio sombras.
Na água, crio ondas.
Crio meus passos n'areia
E movimento no espaço.
Vibra no som que crio
Esta voz que logo calo.
E crio minha ilusão.
Minha doce esperança.
Crio minha memória
Destinada ao olvido.
Minha vida inteira,
Minha obra efêmera.
Meu breve instante.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 23/11/2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Indo para casa
Indo
para casa.
Indo
para casa esqueço os detalhes mínimos que ali encontro.
No
subúrbio matrizes gritam para as crias os gritos gritados a
gerações.
As
coisas paradas quase revelam minha vontade.
Milhares
ou centenas de milhares de latidos ociosos.
Panelas
e seus conteúdos fervem, quando há o que ferver.
Panelas
também podem se tornar ociosas.
O
trânsito é louco, enlouquece, flui na sua forma sólida, metálica,
emborrachada, sobre uma matriz asfáltica.
Flui
e pára incessante, dotado de vida própria.
Centenas
de muitos milhares de células em vias confusas, apertadas
entre
cinzas e avermelhados de prédios e nuvens carregadas de um ócio sem
chuva.
O
pensamento se torna ocioso nestes tórridos passos com cheiro de
fuligem do diesel.
Os
caminhos quase sempre se confundem embora sejam sempre os mesmos,
embora não existam outros.
Sinais
luminosos, sonoros, sinais pichados nas paredes, sinais de cansaço,
tédio, dúvida, esperança, felicidade.
Estou
quase chegando.
Logo
vou lembrar de algo.
Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre, 8/4/2004
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