Benditos frutos que brotam
De casa em casa
Da urbe, locais de dormir.
E os frutos se mostram
De casa em casa
Após tanto tempo,
Na urbe, locais de sorrir.
Sonhos e frutos na urbe
Sob o céu cinza.
Os dias, as falas, os passos
Na urbe, seja onde for,
Serão sempre os mesmos
Os dias, falas e passos,
Os frutos, sonhos e sonos,
Beijos, risos e vozes,
Deslocamentos.
Deslouco, percorro,
Distância ocorrida
E tudo eu vejo e ouço
De um ângulo de tantos
Guardado na urbe,
Num canto.
Eu, eu, eu. Sou o conteúdo,
Conteúdo que transporto,
Não importa a distância,
A altura ou velocidade.
Aqui, lá, acolá, e mais adiante,
Serei eu, eu, sempre eu
Minha carga,
Minhas tendências,
Meu próprio silêncio.
Serei eu, eu, sempre eu.
O meu próprio medo.
Não importa o templo,
A beleza da urbe, o tempo.
Serei eu, eu, sempre eu
O meu próprio consolo.
E tu serás, talvez,
Serás talvez sempre espelho,
Não importa onde estejas,
Do que eu possa ser,
Do que eu deva ser,
Do que eu me conceba,
Do que pudesse ser concebido,
Uma grande, completa e estranha
Coincidência.
Pedro Viegas
Porto Alegre, 16/março/2003
Um mundo difuso. Seres difusos. Como me conceberei?
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