sábado, 25 de agosto de 2012

Arrasa-me


Pesquiso, busco,
brusco, preciso
Rastreio em banda larga
Rastreio meu rastro estreito
Desconectado mesmo pesquiso
A razão destas fases
Tantas fases de fases
Pesquiso as tuas
E ouço adentro ouvido
Tuas frases, teu contato
E pesquiso, busco, penso
O sentido que me fazes
A falta que me trazes
Contata-me
E então me arrases


Pedro Luiz Da Cas Viegas 
Porto Alegre, maio, 2004

Amoramaro

A mordo amor 
Com todos dentes 
Dentes cheios, 
Damor tecidos 
Carnes amornas, 
Carnes, sentes? 
Abandonado amorfismo dos sentidos 
Ameno amar 
Amarameno 
Amor amaro 
Amargo destilado dos desejos 
 
 
 
Pedro Luiz Da Cas Viegas 
Porto Alegre, 20/ 02/ 2003

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Inspiração

Gota n'água que faltava.
Vertente de ver-te, reflexo
Concêntrico centrado que mira o foco.
Sabor difunde, cala, maltrata,
Encerra, engloba, mira flores famintas,
Enche bocas, palavras e versos.
Verbos em silêncios.
Versos em murmúrios.
Verbos em altíssonos.
Versos aos gritos
Emergem das águas profundas.
Algum leviatã inspirado.



Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 09 - 11/08/2012

Composição

brotam coisas da terra
dando graças aos céus
o vento quer dizer algo
o zinco solto retruca

vento, poeira, 
móveis cansados
concreto dormente
sussurram luzes perdidas

quadros desbotados
de palavras soltas
brotam bolores 
destilados de horas


pedro luiz da cas viegas
porto alegre, 24 de outubro de 2004

Elixir

Meu mundinho paralelo.
Não conheço o que conheces
Não conheço tuas dores
Desculpa se sou distante.

Reconheço, sou disléxico
Para coisas de emoção
Mas tenho um coração
Que quer sair do letargo.

Quisera tomar um trago
De saudável elixir
De fazer brilhar a alma
Iluminando o existir.

Preciso de um ensejo
Preciso de um contato
Quem sabe com o seu beijo

Desperto, renovo de fato.
Ainda resta esperança
A vida é uma criança.


 Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí, 10 de agosto de 2012.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Estrelamentos

Há coisas no ar...
Labaredas lambem o láparo
Sob estrelas de colostro enquanto
O lobo leva o  lábaro estrelado.
E lépida lesma lavra a losna
No atulhamento do vaso.
Raízes tramam agregados
No degredo de uma terra
Sob céus azuis austrais.
Estrelamentos são possíveis,
Tudo é possível, arcos sem íris,
Gostar sem desejo: Eis o segredo da paz
Nessas águas revoltas.


Pedro Luiz Da Cas Viegas
Gravataí,  10/08/2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Endogenia I

enchi um pote com pedras
roladas lá da barranca
fiz o fogo na macega
e guardei a cinza branca

risquei teu nome na poeira
que se fez sobre a estante
rasguei a roupa na farpa 
do aramado lá da estância

andei bastante, cansei
inútil tanta distância
sem onde se ter chegado

olhei o tigre e o urso
que nada sabem de reis 
e o cachorro amigados

e vi ratos e baratas 
lutando silenciosos
enchi um pote com pedras
de lugares preciosos

esperei tua resposta
sem que houvesse pergunta
lembrei dos meus bois da canga
e me fiz parte da junta


pedro luiz da cas viegas 
porto alegre, 23 de oububro de 2004

Morno amor adorno

Amor
Morno amor
Amorno
Amornece o fogo dos meus dias
Arrefece
Transparece, transfigura
Engana e mutila
A razão desfigurada
Que este amor adorna



Pedro Luiz Da Cas Viegas
Porto Alegre,  19-02-2003